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sábado, 8 de setembro de 2012

Em Busca da Sobrevivência [4] - Luzes prateadas no Deserto

Cesar se levantava parecendo não ter o menor problema em sorrir da situação. O fato de um ex colega de classe dele ter sido incinerado ate virar pó (cinzas, para ser mais exato) , parecia ser um mero detalhe .
 -- Olha, demos sorte, o Cantil está intacto !! Por que será que ele não foi queimado também?
Cesar foi andando calmamente ate alguns passos do lado de onde estava a pilha de cinzas para pegar o cantil.
Allan continuava sentado com as mãos forçando seu boné enquanto seus olhos cheios de lagrimas tentavam desesperadamente não olhar para as cinzas no chão.
A verdade e que ele não conseguia pensar direito, porem mais tarde ele iria se perguntar como era possível aquilo que acabara de ocorrer, que por sinal, foi culpa dele .  O local onde o corpo tinha sido incinerado estava intacto, isto é,  alguns minutos atrás , chamas que pareciam ter vida própria estavam ali dançando enquanto tiravam a vida de um adolescente. Entretanto , a grama não foi afetada e o fogo não se alastrou para lugar algum. Era como se o fogo estivesse se concentrado em queimar apenas o garoto, e nada mais.
-- Como eu . . . .  --  Dizia Allan com  a voz ainda tremula e uma cara pálida.
-- Olha, eu não sei explicar. Mas parece que todo mundo ganhou algum ''presentinho'' quando acordamos. O cara controlava raízes, você parece que controla o fogo, e mais um monte de colegas de classe controlam sei-la-o-que. O fato é, alguns deles acabam pirando com o poder... Não temos como evitar que esse tipo de coisa aconteça. . .
-- Isso . . . Isso e doentio . . .
-- Talvez, mas essa é nossa realidade agora. Que tal um trato?  Vamos nos unir . As chances de sermos mortos estando juntos e bem menor. Quem sabe agente ate consegue chegar no centro da ilha?  Mas antes, vamos descansar enquanto esperamos que outro animal caia em uma das minhas armadilhas, assim poderemos comer  !
Cesar quebrou alguns galhos mais finos que estavam perto e começou a bater com eles nas proprias arvores. De inicio parecia algo sem sentido, mas acostumando-se a sonoridade, percebia que ele estava tocando  no ritmo da musica I Love Rock And Roll.




Em algum outro lugar da Ilha estava um garoto com um cabelo arrepiado andando pelo deserto.
Nada se via na frente ou atras dele, apenas areia e mais areia.
Ele estava muito suado e parecia fazer um enorme esforço para continuar andando. Ele pegou seu cantil de água, segurou na frente do rosto como se pensasse se deveria usa-lo agora ou tentar suportar um pouco mais.
-- Que grande bosta . . . Morrer num deserto no meio do nada. .  . Espera, do que eu estou falando? Eu sobrevivi 2 dias nessa porra, ta ligado? E!! To ligado!! Já faz tempo que ando nesse deserto . . . Talvez eu esteja chegando ao fim . . É ISSO AE!!!
O garoto então bebeu uma golada no seu cantil de água, matando sua sede. Com o resto da água ele jogou em seu rosto para se refrescar.
Seu nome era Junin. Já havia acordado a 2 dias e já tinha passado por alguns problemas .
Dos seus suprimentos originais restavam apenas o pote de Protetor Solar, que se ele tivesse sorte seria o suficiente para sobreviver ao deserto . Diferente dos outros alunos que você conheceu ate agora, não havia nenhum tipo de arma para defesa ou caça  na mochila de Junin no dia que ele acordou, o que  não foi la de grande falta para dizer a verdade. Junin já havia aprendido a se virar bem em certos tipos de situação, mas essa não era uma delas.
Ele continuou andando por algum tempo. 6 horas. . Talvez 3 horas. . . 1 hora ? Quem sabe 10 minutos.
Era impossível saber. O sol não mudava de posição e ele não tinha sequer noção de onde começou sua jornada. Ao olhar para trás ate suas pegadas eram apagadas a medida que o vento do deserto soprava.
 Mas se a visão do que estava atrás era preocupante, a visão a frente era como uma benção . Um Oasis.
Se você nunca viu um Oasis, é uma visão linda. Um pequeno lago cercado de arvores  sem galhos.
Agora, se você e um viajante do deserto e vê um Oasis, e como  ter acabado de presenciar o Inferno e de repente encontrar o Paraíso.
Junin correu como nunca na sua vida para chegar o mais rápido possível na água. Assim que se aproximou o suficiente, deu um mergulho . A sensação era estranha, era como se tivesse mergulhado na própria areia. . . Exatamente o que ele cuspiu, areia.
Junin tossiu um pouco enquanto cuspia o resto de areia da sua boca, então esfregou seus olhos e se viu novamente num deserto escaldante , sem nenhuma sombra de Oasis.
Um pouco a frente, na direção do sol, era possível ver um corpo que parecia tremeluzir . Devia estar apenas uns 10 metros a frente de Junin. Era um garoto, mais ou menos da mesma altura , um pouco mais baixo talvez. O Garoto usava um tipo de enfaixamento no seu Olho Direito e um pedaço da cabeça ( as faixas passavam beirando o nariz, desciam ao lado da boca e passavam por trás da cabeça tampando um pouco de cabelo e voltando de encontro ao olho em varias voltas).
Junin tentou ver exatamente quem era aquela pessoa, mas era difícil ver algo justamente olhando contra o sol em meio a um deserto, fora a frustração de se jogar na areia . Ainda confuso, ele começava a se levantar , quando notou que o garoto estava se aproximando.
-- ME PASSE O SEU PROTETOR SOLAR, E EU DEIXO VOCÊ VIVO -- Gritou o garoto , enquanto se aproximava lentamente.
-- O QUE? -- Junin gritou de volta e apontou seu dedo indicador , como se fizesse uma Arma com a mão , na direção do garoto. -- PERDEU A NOÇÃO DO PERIGO ??
-- VOU PEDIR MAIS UMA VEZ... ME ENTR...
O Garoto foi interrompido por um projetil que saiu do indicador de Junin, enquanto sua mão dava um leve recuo semelhante a quando se atira com uma pistola. O Projetil que era prateado brilhava intensamente mesmo no meio do deserto. Voo numa velocidade incrível, atravessou o peito do garoto e continuo seguindo ate onde a vista alcançava.
Um pequeno buraco se abriu no peito do garoto, que agora já estava cerca de 6 metros de distancia de Junin, e então o buraco ia se expandindo ate o garoto desaparecer  .
-- Que merda . . .  -- Junin  abaixou a mão, incrédulo naquilo que acabou de ver. -- Isso nunca aconteceu . . .-- ISSO NUNCA ACONTECEU, ISSO NUNCA ACONTECEU. VOU TE MOSTRAR O QUE VOCÊ NUNCA VIU ACONTECER DE VERDADE SEU MERDA --  Dizia uma voz que parecia vir de todos os lados do deserto, ela era diferente da voz do garoto que gritava poucos segundos atrás. A voz era profunda e atiçava um certo terror em quem escutasse.
A Areia a frente de Junin começou a se mexer e aumentava cada vez mais, ate se transformar em algo semelhante a uma cabeça de Leão de uns 4 metros feita de areia. A Cabeça de Leão começou a mexer a boca e a voz que parecia ecoar de todo o deserto saia diretamente dali:
-- ULTIMA CHANCE !! ME ENTREGUE O PROTETOR SOLAR!
Junin quase caiu pra trás com o susto devido a monstruosidade que presenciava, e a forma como a voz podia ser ainda mais assustadora vindo dali do que quando era apenas uma voz ao vento. Ele recuou alguns passos e apontou as 2 mãos em forma de ''arminha'' para a parte mais alta do monstro de areia, almejando acertar o que seriam os olhos.  O olhar de Junin ficou serio, com uma expressão que conseguia dar mais medo que a voz de poucos segundos atrás. ''BANG'' Gritava Junin no momento em saia um projetil prateado de seu indicador. Um Circulo de fumaça bem pequeno se expandia da ponta do Dedo Indicador de Junin no momento em que o Projetil Prateado se afastou, a fumaça se expandia ate virar um pequeno anel de uns 3 centímetros de fumaça e então desaparecia .
Apesar da forma de Disparo se assemelhar a um Revolver, os Projeteis eram pequenas esferas prateadas que viajavam numa enorme velocidade. Eles se chocaram com os olhos do monstro de areia e atravessaram sem nenhum problema. Mas era isso, nada de mais aconteceu.
'' Eu não consigo acertar essa coisa . . . o que eu vou fazer? . . . Se eu entregar meu protetor e o final desse deserto não estiver perto, vou morrer por causa desse maldito sol . . . vou ficar pior que aqueles moradores de rua  , com queimaduras tão feias que vão ser o suficiente para identificar o motivo de minha morte . . . Mas pera, eu estou sem água também . . . De um jeito ou de outro . .  Ainda assim, preferia não ser comido por essa coisa . . . ''
-- Ok, você venceu. Eu entrego o Protetor e você me deixa ir. Ok?
-- Tudo bem -- Uma voz bem atrás de Junin soava tranquila. Era a primeira voz, a do garoto gritando.
Junin se afastou um pouco, pois achava aquilo meio estranho , e então entregou para ele o resto de protetor solar que ainda tinha. A Cabeça de Leão havia desaparecido instantaneamente. E não digo algo tipo '' a areia caiu voltou ao chão'' , não, ela simplesmente sumiu em pleno ar, como se nunca tivesse existido.
-- Desculpe fazer você passar por isso, eu realmente não quero matar ninguém . . . mas não sei mais o que fazer . . . Já estou acordado a 2 dias, e duvido que viva muito mais tempo . . .
Junin estava certamente com raiva, mas tentava não demonstrar aquilo.
-- Vou te ajudar. Eu tenho uma Bussola! Sei como sair do Deserto. Eu te indico a direção, e você vai. Talvez você também consiga sobreviver,mas eu realmente preciso de protetor . . . .
Agora de perto, Junin pode perceber que o rosto do garoto já estava com algumas queimaduras, e seus braços também. Provavelmente , as faixas que ele usava no Olho Direito eram para tampar uma queimadura mais grave. Por um momento Junin sentiu pena do garoto, enquanto ele apontava para a direção. O Garoto então seguiu, indo numa direção bem parecida mas um pouco mais afastado de onde havia apontado.
Junin apontou a sua mão em forma de arma para o garoto de costas enquanto ele ainda estava perto, e disse:
-- Agora, por que eu tenho a impressão que se eu atirar , meu tiro vai ter efeito dessa vez?
O Garoto se virou com um olhar assustado por um segundo. No segundo seguinte, ele fez uma expressão de  felicidade extrema, mas não era algo legal de se ver, era quase como demoníaco ver aquele sorriso. O local do olho que estava enfaixado começou a emitir um brilho vermelho intenso. Era possivel ver uma esfera vermelha através das faixas. E o garoto disse com a segunda voz, aquela profunda e assustadora:
-- Tente a sorte.


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------Capítulos Anteriores----
Cap. 3 - Queimando o Mau pela Raiz
Cap. 2 - O Ferro Velho e as Novas Armas

2 comentários:

  1. Ta tao na cara assim nao hein!

    Junin é boladão até nas historia sinistras kkkk

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  2. Essa porra toda tá seria!

    Acredito que o cantil se manteve intacto porque a água dentro dele esquentou, mantendo uma boa temperatura que não derreteu o plástico. Como o que acontece com um balão cheio de água e fogo embaixo (isso se aprende nas aulas de física).

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